Descrição
Esta pesquisa teve como objeto de estudo a construção de saberes financeiros críticos na Educação de Jovens e Adultos (EJA), analisada sob a perspectiva da Educação Popular freireana e da Educação Matemática crítica. Partimos da tese de que a Educação Financeira na modalidade EJA, quando fundamentada nos princípios da Educação Popular freireana e articulada com a Educação Matemática crítica, pode transformar-se em uma ferramenta de emancipação econômica e redução das desigualdades sociais, superando abordagens tecnicistas e promovendo uma leitura crítica do sistema financeiro pelos (as) educandos (as). O estudo buscou responder à seguinte problemática: ‘Como a Educação Financeira pode ser desenvolvida na EJA a partir da integração entre a Educação Popular freireana e a Educação Matemática crítica, de modo a promover não apenas competências técnicas, mas também consciência política e autonomia econômica entre os (as) educandos (as) da EJA, contribuindo para a redução das desigualdades sociais que afetam essa população?’ Para tanto, estabelecemos como objetivo geral ‘compreender, por meio de uma pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico e análise de conteúdo, como a educação financeira na EJA é abordada sob as perspectivas da Educação Popular Freireana e da Educação Matemática, analisando suas implicações no contexto das desigualdades sociais brasileiras. ’ Os objetivos específicos são: ‘Analisar criticamente, com base em revisão bibliográfica, a relação entre o pensamento neoliberal, a lógica capitalista e as desigualdades socioeconômicas no Brasil, contextualizando o cenário em que se insere a educação financeira’; ‘Explorar teórica e conceitualmente, através de análise de conteúdo (Bardin, 1977), as interfaces entre educação financeira e educação popular freireana, destacando princípios como autonomia, diálogo e conscientização’; por fim, ‘Investigar, com base em fontes documentais e teóricas, o papel da modalidade EJA como espaço para o ensino da educação financeira, identificando desafios e potencialidades.’ A metodologia adotada fundamentou-se na análise de conteúdo proposta por Bardin (1977), organizada em três etapas principais: pré-análise (com leitura flutuante e seleção do corpus), exploração do material (mediante codificação e categorização) e tratamento dos resultados (com interpretação crítica). O levantamento de dados foi realizado no Banco de Teses da Capes, abrangendo o período de 2014 a 2024, e analisado à luz de referenciais teóricos fundamentais como Paulo Freire (1968, 1996), Ubiratan D’Ambrósio (1996), David Harvey (2005) e Thomas Piketty (2014). Entre os principais resultados de pesquisa, destacam-se: a comprovação de que a EF crítica na EJA pode romper com a lógica bancária da educação; a demonstração de como os princípios freireanos podem fundamentar práticas pedagógicas emancipatórias em EF; e a identificação de caminhos para superar a dicotomia entre educação matemática técnica e educação popular freireana. Concluímos que a EF na EJA, quando adequadamente alinhada aos pressupostos de Freire e D’Ambrósio, apresenta-se como poderoso instrumento para promover autonomia financeira e desenvolver consciência crítica sobre o sistema econômico entre os sujeitos da EJA. Os resultados sugerem a necessidade de novas pesquisas que aprofundem esta articulação teórica e desenvolvam materiais didáticos contextualizados para a EF na EJA.